segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Solidão conectada

Por: Ana Ximenes, Anderson Paixão e Filipe Queiroga

A cada dia estamos mais inquietos e impacientes quanto ao tempo. Não sabemos esperar e, quando se trata de uma atividade repleta de imediatismo, essa espera se torna ainda mais insuportável.

Uma pesquisa realizada pela Associação Psiquiátrica Americana, feita com estudantes americanos, revela que, quando impedidos de acessar a internet e as diferentes mídias sociais por mais de 24 horas, eles manifestam a abstinência semelhante à de uso de drogas ou álcool.

Os jovens descrevem como odeiam o isolamento. Alguns deles publicaram em seus blogs que a angústia foi semelhante à experiência de perder amigos e familiares por morte. Outros reconheceram a incapacidade de ficar sem o mundo virtual e que eram dependentes daquele “espaço”.

Outro estudo, realizado por psicólogos da Universidade de Leeds, revelou que as pessoas consideradas viciadas em internet são cinco vezes mais deprimidas. O estudo ressaltou que o uso excessivo da internet está associado à depressão, mas o que não se sabe é o que vem primeiro - se as pessoas deprimidas são atraídas para a internet ou se a internet causa depressão.

“Você nunca fica só o celular é seu melhor amigo” – Zeca Baleiro

A possibilidade de ser ouvido e visto por milhares de pessoas, além de controlar o que vai ser mostrado, é bastante tentadora e faz com que os jovens entrem de cabeça e corpo inteiro nesse mundo virtual, fazendo dele seu pilar vital. Muitos jovens, não contentes somente com o espaço que uma rede social ou um blog pode trazer, vão mais além e criam seu próprio espaço, onde demonstram, além de seus textos e falas, suas imagens, vozes e cores.

Dessa forma o mundo real fica esquecido e se esquece do indivíduo, o tornando cada vez mais individualista. Esse individualismo domina não só a realidade esquecida, mas também o espaço em rede, que trabalha como ferramenta para crescimento desse processo. As redes sociais, blogs pessoais, jogos, tudo favorece para que o indivíduo seja cada vez mais autossuficiente, e acredite cada vez mais que não necessita do outro.

Essa construção diária de jovens impacientes e sozinhos constrói uma comunidade de solitários que só encontram auxilio e companhia na internet. Procuram e encontram, porque lá também existem milhares de outros solitários. Dessa forma, a solidão interativa é construída. O pilar? A internet. O objetivo? Ser menos sozinho. O lugar? Ele não existe.

Como saber se você está viciado em internet


1. A qualquer hora do dia você entra para ver seu e-mail, mesmo em horário de trabalho?

2. A cada e-mail recebido você vibra como se fosse um torcedor de algum jogo?

3. A sua lista do Messenger e Orkut tem mais amigos que a vida real?

4. Você perde noites e noites teclando e navegando sites afora?

5. Ao escrever você escreve como se estivesse conversando em uma sala de chat?

6. Está sempre navegando em sites pornográficos ou em busca de parceiros sexuais?

7. Sente-se confuso quando não tem acesso ao MSN, Orkut e outras mídias sociais?

8. Seus compromissos sociais, profissionais, familiares e acadêmicos são trocados pelo mundo virtual?

Se as respostas foram sim para mais da metade das perguntas, muito cuidado! Você pode estar viciado em internet.


Depofatos


“As pessoas tem a impressão devido aos contatos estarem presentes sempre na rede, tem a impressão de estarem conversando quando na verdade, elas estão se isolando do verdadeiro mundo que existe” Jackson Cruz, estudante de Jornalismo


“Não acho que internet afaste as pessoas, pelo contrário, ela une, é lá que você encontra pessoas que não vê faz tempo, e lá elas estão em constante interação, pode ser uma maquina, mas quem opera é um ser humano. É lá onde elas não se sentem solitárias.” Camila Verino, Designer de Interiores


“A internet afasta sim, porque deixamos nossa vida real para estar em frente ao computador, e não medimos o tempo disso” Bruna Seixas, estudante.


“A internet é uma boa ferramenta de pesquisa e pode ser usada também para fazer com que pessoas que não se viam há muito tempo se reencontrem. Mas não acredito que isso possa ser considerado uma forma de contato equivalente ao contato pessoalmente. E a internet usada em excesso, de certa forma, também afasta as pessoas, como nas relações de pais e filhos. Então considero que torna as pessoas solitárias porque a maioria de nossas atividades são feitas em espaços fora da internet (faculdade, trabalho) e se a pessoa só tem amigos virtuais... ela se torna alguém solitário” Camille Borges, estudante de Psicologia.

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