segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A ética jornalística relacionada ao consumismo em datas comemorativas

por: Luana Severo, Jéssica Lopes e Israel Alves


Até que ponto a mídia vai nos induzir ao consumismo exacerbado e qual é a função do jornalista dentro desse contexto?

A sociedade atual vem se perguntando isso praticamente todos os dias. É fato que a mídia, do ponto de vista publicitário, aposta todas as fichas em datas comemorativas, por exemplo, para induzir (ou obrigar mesmo) o público a comprar.

Até aí, "tudo bem". Nós sabemos que a comunicação, na visão do papel publicitário é simplesmente vender. Mas a partir do momento em que a comunicação jornalística começa a exercer a mesma função da comunicação publicitária, só que de uma forma mais mascarada, é que tudo começa a complicar.

Nós estamos em novembro, o período que antecede ao Natal. Desde a metade do mês de outubro, tanto os jornais impressos quanto os digitais e os de TV já começaram a publicar matérias induzindo as pessoas ao consumo. E não se trata apenas de consumo de enfeites natalinos, não. É consumo de moda, alimentação, decoração, etc. Vale ressaltar que a mídia duplica o consumo nesse período do ano tendo em vista que o associa, também, às festas de revéillon.

Mas será que é possível, nos dias atuais, tanto para o trabalho jornalístico quanto para a própria sociedade, fugir da prática do consumo?

O sociólogo Tiago Seixas explica que é difícil mudar esse cenário "devido aos problemas que a sociedade já acumulou e a capacidade que ela teve de identificar o consumo como uma prática diretamente associada a esses efeitos."

Segundo Seixas, é aí que está o problema. "Uma comunicação apoiada nos critérios do espetáculo não tem capacidade de operar essa transição". Ou seja, uma comunicação baseada no consumo não tem como fazer com que a sociedade alerte contra o consumo.

É como se todos nós estivéssemos afundados no abismo do consumismo, nessa preocupação da sociedade em estar sempre movimentando o mercado. O que as pessoas compram hoje, já não tem o mesmo valor amanhã.

Então, antes de julgar o jornalismo por ser co-agente do consumo, nós devemos procurar entender a nossa própria sociedade atual, o nosso próprio mercado e suas exigências.

É através da indústria cultural que nós criamos o desejo de consumir em série. Não é algo que o jornalismo em si tenha infiltrado em sua mente, por mais que ele ajude a fixar. É algo que desde o surgimento do capitalismo está presente em nossas vidas, por mais que não percebamos.


Clique aqui para conferir o áudio da entrevista com o sociólogo Tiago Seixas.

4 comentários:

  1. Essa questão do consumismo oferecido pelos meios de comunicação citados na reportagem dos colegas, realmente "lembra" publicidade. Mas vale ressaltar - pelo menos vejo dessa forma - que nesses períodos de datas comemorativas, que o movimento nas ruas e no comércio é maior, as pessoas querem este tipo de informação, de como está o movimento nas lojas, a expectativa dos comerciantes, se as pessoas estão gastando mais. Caso este tipo de informação "consumista" não seja passada, as pessoas sentem falta dela. Mas claro que deve existir uma abordagem correta desse assunto por parte que quem os prepara, a função jornalística não pode ser confundida com a função publicitária.

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  2. Concordo com os colegas,e com o Tiago. Nós já estamos inseridos nessa sociedade do consumo e na maioria das vezes nem percebemos. Uma questão citada no comentário da Suiany também é bem pertinente. As pessoas querem ver essas informações, elas precisam saber como está o "centro da cidade" se está lotado ou não, se aquela loja que ela quer comprar a roupa do Natal está em promoção. A questão não é nem noticiar isso, a questão é mais um certo exagero exibido pelos meios de comunicação,que as vezes fazem até a propraganda do local sem perceber,ou não.

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  3. O jornalismo hoje está bastante vinculado a publicidade, sendo às vezes muito difícil de distingui-los. Também é dada ao jornalista a incumbência de vender um produto, mas só que no caso dele, "o furo jornalístico".
    Os veículos de comunicação competem entre si, pela audiência, pela publicidade, enfim, precisam estar a frente do seu concorrente, e em datas comemorativas, como é o caso do natal, e em desastres, por exemplo, essa concorrência chega ao ápice. Todos querem apresentar a sociedade o fato novo, no natal,por exemplo, o que há de mais moderno em decoração, como preparar uma ceia farta, etc.

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  4. Não acredito que seja novidade que o Jornalismo esteja "corrompido". Quando inicia-se a faculdade e a formação do profissional, ele cria ideologias e opiniões referentes a determinados fatos, porém, no mercado de trabalho, é necessário que o profissional adeque-se a ideologia da empresa. Como exemplo político, temos a revista VEJA que é partidária direita.

    Não se pode esquecer que os responsáveis pela veiculação de notícias à massa, como o jornal, também é uma empresa. Ela precisa de retorno capital. No rádio privado, por exemplo, é preciso faturamento para a criação de novos programas, que ocasiona o aumento de audiência. Sempre nesse círculo vicioso. Uma expressão que acredito ser usada erroneamente pelos produtores é de "produzir o que o público quer". E quem disse que é isso que o público quer? Mas infelizmente, é o que se vende.

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