quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Sem medo de ser vaidoso

Limpeza de pele, depilação, cuidados com sobrancelhas e cabelo não são preocupações exclusivas do público feminino. Pelo menos não mais. É o que revela uma pesquisa realizada nos Estados Unidos e Inglaterra, há alguns meses.

Os homens estão entrando para o time da vaidade, antes ocupado somente por elas. Mais assíduo nos salões de beleza e lojas de cosméticos, o público masculino passa a ser um novo e crescente nicho na seara da indústria da beleza.

Rotulados por alguns (às vezes de forma pejorativa) como “homem moderno”, os homens que se preocupam um pouco mais com a própria aparência pagam certo preço por isso. Chacotas, piadas e até questionamento sobre a sexualidade deles. Qualquer vaidoso ouve ou já ouvia coisas do tipo.

Homem que é homem não liga pra beleza. Assim pensa grande parte da sociedade machista brasileira. É o que diz a psicóloga Tássia Ramos, 27. “Trata-se de uma questão cultural. É disseminado no Brasil o pensamento de que ‘mulher se cuida e homem não’. E isso pode se apoiar em muitas colunas, mas, certamente, o machismo social é o maior pilar”, explicou.

O rechaço e preconceito que os vaidosos sofrem é comum a tudo que é novo. Tássia aponta três reações para uma quebra de paradigma: “Algumas pessoas aceitam, outras ficam curiosas, mas a maioria não admite”. Ela conclui ressaltando a dificuldade que as pessoas têm de experimentar o novo.



Alguns espaços tornam mais difícil ainda para o homem cuidar da beleza sem ouvir uma “brincadeirinha” aqui ou uma piada ali. Profissões fortemente ligadas à figura do homem inibem a vaidade deles.

Os gramados de futebol, por exemplo, tem essa característica. Tanto que o esporte é predominantemente praticado por homens. Mas o goleiro Diónantan Kipper, 28, que joga no Ceará, não vê problemas em ser atleta e vaidoso.
Vaidoso assumido, Diónantan diz
que jogadores de futebol cuidam
sim da aparência | Foto: Divulgação

“Já ouvi umas piadinhas, uns cochichos, mas nunca me importei”. Foi dessa forma que o goleiro encarou o preconceito que um dia já sofreu (garante que hoje não mais) por se preocupar com a aparência.

Diónantan é um vaidoso assumido. Não sai de casa sem usar ao menos um protetor solar, um creme para a pele e outro para os cabelos. Não gosta de pelos e por isso depila o corpo. Cuida também da alimentação e do físico.

Para o goleiro do Ceará, aparência está diretamente ligada à saúde, higiene e bem estar, por isso os homens deveriam colocar o preconceito de lado e se cuidar mais. É esse pensamento que o faz gastar pelo menos 20% do que ganha em estética.

Todo esse trato com o visual fez Diónantan conseguir espaço em outro mercado. Nas horas em que não está nos treinos do Vovô, ele faz trabalhos como modelo.


Quanto ao mistificado mundo da bola (quando o assunto é vaidade), Diónantan faz uma revelação: “é bem minoria”. Ele conta que muitos não assumem ser vaidosos, mas, ao fim dos treinos e jogos, se recolhem num cantinho do vestiário e passam seus cremes e demais cosméticos, rapidamente, sem chamar muita atenção.

Brenno Rebouças

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