segunda-feira, 14 de abril de 2014

Maracatu, simbolo da cultura brasileira

Se viajamos ao Brasil dos séculos XVII e XVII achamos uma das manifestações culturais mais importantes da historia do país. O Maracatu de Baque virado ou Maracatu Nação nasceu  da mistura de culturas ameríndias, africanas e europeias na região do atual Estado de Pernambuco. A maioria dos historiadores considera que ele surgiu a partir das coroações do Rei do Congo, nelas surgiam os eleitos como rainhas e reis do Congo lideranças políticas intermediárias entre o poder colonial e a população. Estas organizações sociais realizavam rituais dando origem ao Maracatu do Baque Virado.

Segundo os pesquisadores do assunto, a palavra maracatu originou-se de uma senha combinada para anunciar o toque dos tambores, emitindo o som “maracatu/ maracatu/ maracatu” para alertar a chegada de policias que vinham a reprimir a manifestação. Marcello Santos, consultor e educador percussivo e autor da iniciativa Caravana Cultura lembra como ele também utilizava a palavra para advertir da chegada da policia. 


Os maracatus de Recife sofrerem um período de decadência durante quase todo o século XX. Na década de 30 produziu-se sua normatização saindo às ruas do carnaval recifense, mas ainda assim não possuíam nenhuma visibilidade. Seu renascimento ocorreu na década de 1990, a ação do Movimento Negro Unificado junto a Nação Leão Coroado, o movimento Mangue Beat e o grupo Nação Pernambuco contribuíram para a prática conquistar a notoriedade que tinha perdido.
Com a nova força adquirida a miscigenação musical das culturas portuguesa, indígena e africana que conforma o maracatu, saiu da cidade exponente que foi Recife. A expansão do movimento criou grupos que acabaram levando a arte do maracatu de Baque  Virado a todas as capitais do país e diversas cidades do mundo. O impulso produzido pelos diversos movimentos converte hoje a tradição no centro das atenções no carnaval.

A enorme quantidade de grupos de maracatu que tem surgido recentemente centram sua atenção na parte percussiva da manifestação, sendo a minoria os que possuem uma encenação de corte real ou um corpo de dança. Esses novos grupos percussivos não possuem a maioria das vezes vínculos comunitários ou religiosos.

A religiosidade é sem dúvida um dos marcos indenitários que definem este arte. O maracatu agrega fortes elementos místicos que fazem lembrar o candomblé. Esta religiosidade produziu-se através dos vínculos que essas nações têm com os terreiros do xangô (nome da religião de culto aos orixás em Pernambuco) ou jurema (religião que cultua mestres, caboclos, exus e pombagiras).


O caráter religioso também observa-se no cortejo real. Os personagens que compõem o cortejo são a baliza, seguidos pelos índios, negras e baianas, negra da calunga, negra do incenso, balaieiro, pretos velhos, vassalo, batuqueiros e macumbeiro além do rei, rainha e figuras da nobreza.. Assim todos eles vão acompanhados por os sons de instrumentos como alfaias, caixas e taróis, gonguê, mineiros, agbes que criam uma alfombra de percussão para o desfile capaz de transportar a quem é testemunha no tempo. 


 Na percussão existem algumas diferencias, como nos “baques de parada” e no “martelo” , que são muito diversos dos  “baques de luanda e de marcaçâo” ainda assim o nascimento e a mistura de novos ritmos.


No estado do Ceara a primeira agremiação do culto folguedo apareceu no 1937, mas no livro Coração de Menino, Gustavo Barro narra fatos que remetem ao ano de 1898: “filas de negros cobertos de cocares escuros, cantando soturnamente ao som dos toques”. Mais de um século depois, o 25 de março o estado celebra o dia dos maracatus. Marcello Santos participou da festividade em Fortaleza.

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